terça-feira, 25 de agosto de 2009

55 anos da morte de Getulio Vargas

Li este texto que post em partes aqui no Blog do Jornalista Rodrigo Vianna. Acho importante nesta data, lembrarmos quem foi Getulio Vargas e suas contribuicoes ao pais.

No dia 23 de agosto de 1954, Getúlio Vargas mandou avisar, através do jornal "Última Hora", o único que não aderira à campanha contra seu governo: "Só saio morto do Catete".
A UDN e Carlos Lacerda - que queriam depor o presidente - acreditaram que era um blefe.
No dia 24 de agosto, há exatos 55 anos, Vargas cumpriu a promessa: deu um tiro no peito e adiou por dez anos o golpe da direita.
Quatro décadas depois, a nova UDN tentou matar Vargas pela segunda vez. Fernando Henrique Cardoso prometeu "enterrar a era Vargas". Não conseguiu.
Curiosamente, há pouca gente no Brasil hoje que se define como "getulista". O culto a Vargas, felizmente a meu ver, não existe. Mas Vargas sobrevive no Estado brasileiro.
O BNDES é Vargas, os bancos públicos são Vargas, a Petrobrás é Vargas, a Previdência Social (cheia de defeitos, mas um dos maiores programas sociais do mundo) é Vargas. E o Bolsa-Família, de certa forma, também é Vargas.
Outro fato curioso: na Argentina, Perón sobrevive como um mito. Ele e Evita são cultuados. Mas o Estado que ele criou não existe mais. Foi desmontado por um "peronista", Carlos Menem, que levou o neo-liberalismo ao pé da letra.
Na Argentina, o mito de Perón sobrevive, enquanto o Estado peronista desapareceu.
No Brasil, o mito de Vargas se esvaeceu. Mas, no Estado brasileiro, Vargas sobrevive.
Para mim, é prova de que a obra dele foi maior, muito mais duradoura, do que a obra de Perón.
Curiosamente, no comando do Estado brasileiro hoje está uma facção politica que fazia a crítica de Vargas. Lula e os sindicalistas do ABC pensavam que iriam "superar" Vargas. Influenciados pelos acadêmicos paulistas, como Weffort (que era tucano, mas esquecera de avisar), reduziam Vargas, com dois conceitos simplistas: "populista" e "paternalista".
Por ironia da história, o governo Lula passa bem pela grave crise internacional porque soube manejar bem os instrumentos criados por Vargas.
Guido Mantega, ironizado pelos sabichões tucanos das PUCs e USPs, conduziu com maestria o contra-ataque à crise. Manejando bem as alavancas do Estado. Os bancos públicos ajudaram a destravar o crédito. Se tivéssemos vendido tudo, como queriam os tucanos, qual ferramenta teria o Brasil para enfrentar a crise?
O Guido Mantega, com seu sotaque de genovês, mas com seu apreço pelo Brasil, pode não saber: mas ele também é um pouco Getúlio Vargas.
O Estado - demonizado nos anos 90 - ajudou a salvar o Brasil da crise...
Getúlio Vargas foi um ditador. Foi. Ponto. O Estado Novo foi uma ditadura.
Mas reduzir Vargas a isso é pensar pequeno.
O Brasil precisa lembrar do Vargas dos anos 50: eleito pelo povo, nacionalista, indepedente. Lembrar dele não como um mito, acima do bem do mal. Mas como prova de que o Brasil dá certo. Sempre que abandona o complexo de colônia, e age com independência, o Brasil cresce e melhora.
Lembrar o suicídio de Vargas é lembrar, também, que a UDN sobrevive. Com outros nomes. Mas, como há 55 anos, a UDN sonha com o golpe. Eles vivem de golpes. É preciso enfrentá-los.
Há 55 anos, sem saída, Vargas deu um tiro no peito.
Hoje, simbolicamente, o tiro tem que ser na direção do inimigo. Na direção daqueles que - como há meio século - querem retomar o Estado para vender o Brasil.
Getulio não era fascista? Tentaram lhe colocar este rótulo. Getulio era populista. Lula é popular.

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