sexta-feira, 5 de novembro de 2010

33ª Edição

Pauta para Palavras Mil


Foto retirada do site Olhares


O queimador





A casa da minha bisavó tinha muitos mistérios, me assustava e quando eu fazia alguma pergunta às primas, elas apenas riam debochadas... Sempre havia ruídos noturnos, mas aquela parecia uma noite especial:
O uivo dos ventos, a voz de trapos rasgados das corujas, a areia fustigando o telhado, o portão do celeiro que batia, dando ritmo à sinistra orquestra, os relinchos e mugidos ocasionais, pareciam mais freqüentes do que de costume, até o galo ameaçou cantar antes da hora...
De repente ouvi vozes:
- Aonde você vai? Perguntou o bisavô com sua voz rouca.
- Já volto, vá dormir... Respondeu minha Bisa. Desceu a escada, iluminando o caminho apenas com a trêmula luz de uma lamparina que tingia de alaranjado sua camisola branca, abriu a porta, o vento apagou a chama, a Bisa saiu para a noite...
Corri para a janela do quarto e pude vê-la, sua camisola agora estava tingida pelo azul da lua cheia... Mais parecia um fantasma esgueirando-se para as sombras, desapareceu... Tenho certeza de ouvi-la gritar: “Quem é e o que quer? Quem é e o que quer? Quem é e o que quer?” Três vezes! Estava falando com as almas penadas... O frio e o medo tomaram conta do meu corpo, adormeci sem ouvir a resposta...
O café da manhã transcorreu em silêncio, apenas o queimador com sua vela nova, despontando das demais, parecia me dizer; sei, mas não vou contar...
Alguma alma pediu luz, pensei.
Como se adivinhasse a Bisa sorriu, amiudou os olhos e franziu os lábios arremedando um beijo, tocou de leve, minha mão e murmurou algo como, tu és uma de nós...

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3 comentários:

Leeti disse...

Nossa :/

chica disse...

Maravilha de conto,Dilermano! Adorei.abração,boa sorte, tudo de bom e lindo fds!chica

Irene Moreira disse...

Amigo Diler
Muito boa história! Como sempre és exemplar.
Boa Sorte

Beijos