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Postagem de participação na coletiva promovida pelo
Blog Mix Cultural, da Beta, uma bloguera preocupada com a violência do nosso cotidiano, em busca de soluções.
Dois Contos e uma Crônica
Passa a bolsa tia!
Ele atravessou a rua em sua direção, ela no ponto de ônibus, pensou “vou ser assaltada”, jogou fora o resto do cigarro que fumava e esperou, gelada, as pernas bambas.
- Me dá um cigarro, tia.
- Não tenho…
- Então me dá uns pila.
- Também não tenho. (apertando a bolsa contra o peito)
- Passa a bolsa tia! (puxou o revólver e disparou contra o rosto da mulher)
Abriu a bolsa e só encontrou o uniforme de trabalho, sujo e a carteira de identidade.
Na mão fechada a vítima segurava seu único vale transporte.
Tudo bem tia...
Ele atravessou a rua em sua direção, ela no ponto de ônibus, pensou “vou ser assaltada”, jogou fora o resto do cigarro que fumava e esperou, gelada, as pernas bambas.
- Me dá um cigarro, tia.
- Não vais acreditar, mas acabo de fumar meu último cigarro.
- Então me dá uns pila.
- Também não vais acreditar, mas tenho só um vale transporte…
E mostrando a bolsa:
- Olha a minha bolsa, só um uniforme sujo que levo pra lavar…
- Tudo bem tia, já vi que tu é sangue bom, vou ficar ali na esquina te cuidando, tem muito malando por aqui…
Ficou na esquina até ela desaparecer dentro do ônibus.
Filhos da violência
Nós, os humanos, temos consciência que, de certa forma, somos todos filhos da violência, afinal o que é a evolução de uma espécie, senão a imposição dos mais fortes sobre os mais fracos, se estamos aqui é certamente, porque algum ancestral nosso foi mais forte, entenda-se forte, não como virtude moral ou religiosa; fortaleza de espírito, não, esse forte é de força bruta, violência!
Desde tempos imemoriais faz parte do cotidiano humano a violência calar o diálogo, indivíduos entre si, sociedade contra seus membros, nações contra nações, todos eventualmente, fazem uso de força para atingir seus propósitos, mesmo as civilizações mais avançadas não conseguiram, ainda, a tão almejada paz.
Nos nossos dias é possível ver claramente, alguns exemplos de como o desrespeito causa violência:
Do ponto de vista individual , não é necessário falar do consumo de fumo, álcool, e outras drogas, basta simplesmente mencionar a alimentação, na maneira como aqueles que tem mesa farta tratam a comida, desperdiçando e cometendo exageros, desrespeitando a si e aos demais, agridem o próprio corpo com obesidade e outras doenças ao mesmo tempo que esquecem aqueles que tem fome.
A Sociedade, com anuência de parte da população, desreipeita seus cidadãos, com políticas injustas, má distribuição de renda e no uso de aparato policial truculento que aterroriza, tortura e mata impunemente.
Por interesse nos recursos naturais ou simplesmente para impor suas políticas e seu estilo de vida, nações atacam nações matando e destruindo seus opositores.
Pode-se dizer que a razão do insucesso na busca da paz definitiva, tem origem no descaso, na imprudência e no desrespeito como tratamos as outras pessoas e a flora e fauna do planeta, agredindo a natureza, desrespeitando a humanidade e ofendendo a Deus
Para terminar é necessário dizer que um dos contos acima é real, aconteceu com uma pessoa conhecida, mas, qual deles ?
Aquele com final trágico, idêntico aos muitos casos que lotam os noticiários todos os dias?
Ou o de Final Feliz que mais parece ter saído de um conto de fadas?
Então, qual? Final Feliz ou Trágico?
Por mais incrível que possa parecer o conto com Final Feliz é verídico, incrível porque não estamos acostumados a Finais Felizes.
Agora qual foi a diferença entre as possíveis vítimas de assalto? Enquanto uma foi rude e demonstrou desconfiança e medo a outra, mesmo sabendo do risco que poderia estar correndo, tratou o estanho com confiança, compaixão e principalmente com respeito, a sua atitude fêz a diferença.
Das pessoas que encontramos na rua, muitas estão “pela gota d’agua”, podem explodir a qualquer momento, se acham tão desrespeitadas e trazem no peito um desejo de vingança tão grande, que as vezes uma única palavra ou até um vestido mais curto podem ser a diferença entre a cortesia e a violência.
Assim é possível acreditar que onde há caridade, amor e compaixão, existe respeito, não violência.