Projeto Palavras Mil
Foto daqui
- Quarta à tarde mamãe tem aula de pintura, vá estudar na minha casa... Dissera.
Ele veio. Colocaram os livros sobre a mesa da sala, ela o pegou pela mão e levou para o quarto, comeram o chocolate que ele trazia e depois se beijaram demoradamente. Não foi o mesmo beijo “sabor de chocolate compartilhado” de que tanto gostava e com o qual estava acostumada. Foi melhor; doce, quente e profundo como nunca antes. Lembrou as palavras de uma amiga: “Você vai sentir calores e sabores...” Lembrou também da avó: “No meu tempo, beijo só depois de casado!” Afastou aqueles pensamentos e foi em frente: Enquanto se beijavam as mãos dele passeavam por seu corpo, como as mãos de um pianista em busca de acordes perfeitos, em troca ela apenas soltava suspiros dissonantes. Pensou na Cida, a faxineira da casa, que suspirava sem o menor pudor, pelos bonitões da novela das sete. Irritou-se com sua falta de jeito e lamentou o tempo perdido na leitura de tantos manuais de sexualidade que agora se revelavam inúteis. Resolveu atacar: Segurou a cabeça dele com ambas as mãos e o beijou com toda sua força... Foi pior: Serviu apenas para que ele empreendesse carícias mais ousadas. Conformada deixou-se levar, afinal meninos parece que já nascem sabendo e ela estava cansada de ser chamada de A Invicta. Será que ele tinha preservativo? Não podia perguntar... Mas também não queria ser mais uma mãe adolescente... De onde ele tirava tanta prática? Teria tido aulas com alguma profissional? Que nojo!
Ele babujou seu mamilo direito enquanto torneava o esquerdo, prisioneiro entre o polegar, o médio e o indicador. Ela sentiu-se tonta e pareceu escutar a mãe dizendo: “A iniciação sexual deve acontecer quando a pessoa está suficientemente madura e responsável para compreender as suas implicações, só assim é possível desfrutá-la com prazer e sem culpa!”
- Pare! Pare, por favor... Disse ela.
- Tudo bem... Respondeu ele, entre assustado e aborrecido.
Voltaram para a sala, começaram os estudos...
A porta abriu-se e a mãe entrou:
- Oi!
Não houve aula, a mestre teve um problema, comprei pão, querem um cafezinho?
10 comentários:
Nossa,fantástico teu conto.E como ficam fortes e marcadas as recomendações dadas pela família nessa moça.heim?Isso é difícil! Gostei muito do final.Surpreendente!abração,tudo de bom,chica
muito bom o texto... adoros contos que me surpreendem!
grande abraço
Pois é, Dilermano, não houve a estreia (da parte da garota, o garoto, ao que tudo indica, já o fizera), mas um ensaio. Gostei desse conto e só lamentei é que ele não fosse mais longo. Que bom que você siga na experiência. Um abraço.
Nossa, eu não esperava o final, de verdade.
Beeijoos e boa sorte
Maravilhoso, arrepiante e verdadeiro... Parabéns por apresentação tão ímpar e parabéns pelo topo do Pódio.
Beijos e bom domingo
Lindo conto... com certeza deve ser exatamente isso que passa na cabeça das meninas quando se deparam com o - quase - inevitável... a sorte é que nem nessas horas o sexto sentido feminino falha, hein!
Um abraço e boa semana.
Jr.
Mas bah Guri...
Eu admito que sempre passo por aqui e fico sempre sem saber como comentar os teus textos, admito mais, admito que tenho uma queda absurda por tudo que vc produz em termos de escrita.
E fico sempre feliz e satisfeita quando você está no lugar merecido pelos teus escritos.
Parabéns por guiar tão bem as linhas da escrita, jogo de palavras, tudo perfeito.
E olha... eita 6° sentido feminino... Ta os conselhos, mas imagina onde a mãe iam pegá-los.
ai ai
Excelente vc meu caro Guri.
Tati recomendou, li e AMEI :) Parabéns pelo talento! xx
Que conto bonito. Você soube captar muito bem as inseguranças da menina com todas as recomendações familiares e os anseios de uma sexualidade iniciante.
O final, surpreendente, (foi instinto da menina, foi coincidência), deixa uma interrogação a ser preenchida pela imaginação dos leitores.
muito bom.
PARABÉNS AMIGO, PELO SUA COLOCAÇÃO DE PRIMEIRO LUGAR.
CARINHOSAMENTE,
SANDRA
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